“Estávamos na Estação Antártida Comandante Ferraz (EACF), uma das áreas mais remotas do globo terrestre. Era final da tarde do último dia em que o Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel apoiando a operação.
Os mantimentos e os equipamentos tinham sido desembarcados e o navio iria iniciar a viagem de volta ao Rio de Janeiro, ... a maioria das pessoas da estação estava a bordo do navio para as despedidas da Operação Antártida XII e o início da Antártida XIII. Eu era o Subchefe da Operação.
Uma das regras era ficar o Chefe ou Subchefe sempre na Estação e estava comigo, dentro da EACF, um pesquisador.
Outros pesquisadores haviam subido no teto da estação, por uma saída de emergência, para verem a saída do navio.
Era uma prática, na época, o navio se despedir soltando alguns fogos e os pesquisadores que estavam no teto da estação pediram para que eu autorizasse o lançamento de um sinalizador em retribuição à despedida do navio. Não autorizei. Não via necessidade.
- Por favor, Sub! - eles insistiram.
Cedi. Afinal a operação estava iniciando naquela noite e seriam longos meses de solidão Antártida.
- Leiam as instruções para utilização do sinalizador” - recomendei.
Lembro de ter visto um clarão dentro da estação e a parede da sala de estar começou a pegar fogo. O sinalizador foi colocado invertido e, ao invés de subir, entrou pela saída de emergência.
A Antártida é conhecida como o “deserto polar” por causa da sua baixa umidade, só comparada com os piores desertos da terra. A estação era forrada de madeira, na parte interna, por conta do isolante térmico. ... Eu estava com dificuldade de locomoção porque uma das minhas pernas estava engessada... O que impediu que a situação se agravasse foi a atitude do pesquisador que estava comigo ... qu,e imediatamente, pegou alguns extintores de incêndio e, em meio às chamas e fumaça, conseguiu apagar o incêndio.
Felizmente, a preparação das equipes que vão permanecer isolados na Antártida é muito rigorosa!
Após muitos exames médicos e psicológicos, são realizadas semanas de treinamento em montanhismo, sobrevivência em clima frio, atividades aquáticas e curso de combate a incêndio...
Tivemos um excelente inverno na Antártida, durante a Operação Antártida XIII.” – CMG (FN-RRm) Alexandre da Rocha Correa
Comandante Correa é um Comandos Anfíbios com vasta experiência em liderar equipes e organizações de alta performance.
Fomos formados juntos, no turno 87/1 e seu relato confirma que, seja na Antártida ou na sua organização, o treinamento é fundamental para a solução de crises.
Se você quer ter uma equipe de alta performance, priorize o treinamento, o desenvolvimento, de cada um dos seus membros.
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