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  • Foto do escritorAlexandre Barbosa

Coragem e Transparência na Crise

Depois de cerca de dois meses trabalhando nas mudanças necessárias (usando os oito passos da mudança do John Kotter1), estava tudo pronto para a reestruturação que envolvia, também, a demissão de dois gerentes.

A parent company queria que as demissões fossem realizadas no mesmo dia e, é claro, escolheram um dia quando eu estava com um dos gerentes a ser demitido, visitando um cliente, em outra cidade.

Ponderei se não poderia adiar, mas insistiram que deveria ser naquele dia e que o VP da América Latina faria a demissão do outro gerente, em São Paulo.

Pois bem, saímos da reunião com o cliente e convidei: “Vamos almoçar, antes de irmos para o aeroporto?”

Terminado o almoço, cumpri, mais uma vez, a pior tarefa de um líder. Quem já passou por isso sabe bem o que é…

Pegamos o mesmo taxi para o aeroporto, fizemos o check-in (em assentos bem separados) e eu torcia para o voo sair o mais rápido possível. De novo, é claro, tudo pode piorar…

Estávamos no auge daquele apagão aéreo (você lembra?), e ficamos seis, isso mesmo, seis horas no aeroporto, aguardando o voo!

A interação com o gerente demitido passou por silêncio sepulcral, conversa sobre a família e acabou aterrissando, claro, na demissão.

– “Entendo bem o que aconteceu! A vida sempre faz isso comigo… Parece que o universo conspira contra mim…”

Interrompi com firmeza: “Olha só, o universo não tem nada a ver com isso. Demiti você porque decidi que seria você. Poderia escolher outro gerente e decidi que fosse você.”

Por favor, não entenda minha reação como crueldade ou frieza. Na verdade, aprendi, há muito tempo, que ser um líder exige, entre outras, coragem moral e comunicação com transparência.

Você, líder, precisa exercer sua coragem e assumir, muitas vezes, atitudes que você escolheria não assumir, se fosse possível.

Nesse período de pandemia, essas habilidades são ainda mais cruciais!

“Quando a situação é incerta, o instinto humano e o treinamento básico de administração podem fazer com que os líderes – com medo de tomar as medidas erradas e de forma desnecessária, deixem as pessoas ansiosas – adiem a ação e subestimem a ameaça até que a situação se torne mais clara. Mas se comportar dessa maneira significa falhar na liderança durante essa pandemia, porque, no momento em que as dimensões da ameaça são claras, você está muito atrasado ao tentar controlar a crise…

Precisa comunicar com transparência, fornecendo descrições honestas e precisas da realidade, da forma mais humana possível, sobre o que você sabe, o que pode antecipar e o que isso significa para as pessoas.

Sua comunicação não pode ser totalmente desprovida de esperança ou as pessoas simplesmente ficarão desesperadas. Em algum lugar dessa comunicação deve haver uma visão esperançosa do futuro, para a qual as pessoas podem direcionar sua energia, porque sem esperança, a solução é impossível.” – Artigo da HBR2 – Michaela J.Kerrissey e Amy C. Edmondson

Referências:

1Livro do John P.Kotter

2Artigo da HBR

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